A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

CHAPA



Seu nome é Flávio ele e sua mulher Mari são meus amigos a mais de trinta anos , preparou o primeiro motor para mim em 1977, o Manduca nos apresentou, já fazia naquela época motores fortíssimos , se juntos não ganhamos nenhuma corrida , podem ter certeza que a culpa não foi dele.
Em 1982 resolvi fazer uma temporada na Turismo Especial Paulista que nada mais era que a D3 , amortecedores nacionais , cambio de 4 marchas , pneus slic da Pneubras , e outras modificações para baixar o custo da categoria.
Tínhamos feito já duas corridas da temporada , o Carlão tinha feito para mim um ótimo acerto de chassi , na corrida inicial quebrei quando disputava a segunda colocação , na segunda corrida fui terceiro, atrás do Mogames e do Laercio, só que tínhamos feito a melhor volta da corrida .
O Carlão em Portugal com a Stock Car onde foi com o Jr Lara, marcamos um treino o Chapa e eu para o meio da semana , íamos testar três motores , com diferentes configurações que ele havia preparado.
Os motores tínhamos ido buscar no dia anterior , o Chapa os tinha montado na SALECAR de nossos amigos Marcos , Arno e Fabinho Levorin .
Cedo naquele dia fui busca-lo na Freguesia do Ó onde ainda hoje é sua oficina , eu morava na V Olímpia e íamos para Interlagos , pensem só na volta que dei. Carro na carreta , dois motores para testar , um jogo de pneus , um monte de tralha mais dois ajudantes e fomos embora para a pista.
Já na marginal , ele guiando a Caravan branca , puxando a carreta com o Fusca , me falava a cada cinco minutos " tem um fusca vermelho nos seguindo" , eu todo feliz pensava ,"que bom três motores , dois jogos de pneus , um monte de tralhas , o autodromo quase que só para nós , vai dar para andar o dia inteiro".
Arrumado o box, a esta altura ele já tinha queimado meu anorak vermelho , preto e branco no escapamento do carro, logo ele que é corintiano . "Vai se trocar" obedeci ,coloquei macacão , entrei no carro, um ajudante afivelou meu cinto , e ele ordenou "ignição" , colocando o capacete outra ordem , "liga o motor" liguei o motor que já havia sido esquentado e lá vem outra ordem "sai".
Ai começou toda confusão , engatei a primeira , fui tirando o pé da embreagem bem de vagar , por causa da caixa 3 , e nada do carro sair ,coloquei segunda e nada , ele lá fora gesticulava ,e falava alguma coisa , mais não dava para ouvir por causa do barulho do motor . Gesticulei que as marchas não estavam entrando , ele uma fera colocou meio corpo para dentro do carro engatava as marchas , e me mandava tirar o pé da embreagem . Desliguei o motor , e num lampejo lhe disse , "está sem o disco de fricção" pra que? Ele ficou uma fera ,falou um monte de bobagem , até que eu disse "olha nos outros motores". Nenhum deles tinha o tal disco de fricção , colocaram o platô e num descuido esqueceram os discos .
Desci do carro e eu que não sou de maltratar os carros , eles nos dão as vitórias , as derrotas na maioria das vezes é nossa culpa , bati a porta que era bem leve com força , ele me olhou e disse "vou arranjar um disco" , mais aquela altura o treino já estava arruinado.
Voltando para oficina pela marginal , eu já fulo da vida desci do carro e fui para casa de táxi , não sem antes falar uns impropérios a ele . Esta é a parte da história que ele conta até hoje , só os meus impropérios e ainda reclama , por eu ter descido do carro na marginal .
Este é o Chapa , amigão querido, de tanto tempo .

8 comentários:

  1. Legal a homenagem !

    Vontade de recriar o cereja hein!

    abs

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  2. Sei não Joel, vontade de acelerar sempre vamos ter.

    Um abração

    Rui

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  3. Rui, marca com o Chapa p irmos lá bater um papo com ele,relembar um poucomais da historia, é aqui perto.

    e vontade de acelerar realmente não falta , só falta money...
    abraço

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  4. Oi Rui, o vermelhinho bebe óleo, deve ter deixado muitas saudades apesar de alguns contratempos.
    Vontade de acelerar a gente que já andou por lá sempre tem e terá, o que não devemos deixar morrer, é a esperança de um dia lá retornar.

    Abs,

    Fernando

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  5. É verdade Fernando.
    Um dia votaremos!

    Um abração

    Rui

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  6. Bacana sua história, aliás, deve ser só mais uma perdida em seu acervo dentro da "cachola". Uma dessas que vez em quando achamos nas "gavetas" de quem viveu o automobilismo na extenssão da palavra.

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Rui Amaral Jr