A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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quarta-feira, 9 de março de 2011

40 Anos - Para os amigos.

Na foto um pouco desfocada estou no Sol, notem os pneus bem cheios, o dianteiro esquerdo apoiando e o direito querendo levantar.


Meus amigos pediram então vou contar um pouco do que foi minha estréia, já contei aqui mas vamos lá novamente.
Queria começar a correr mas não tinha grana e nem meus pais me autorizavam, não fiz escola de pilotagem mas já andava bem forte pelas ruas do Pacaembu e era antes de mais nada fã de carteirinha de grandes pilotos que via em Interlagos e alguns em minha casa amigos de meu irmão que é 12 anos mais velho que eu.
O primeiro carro que andei forte era um Impala SS 64 de minha mãe, era o ano de 1966/67 e com 14/15 anos aprendi duas coisas importantes com esse carro; andar com cinto de segurança e enfiar cinqüenta libras nos pneus.
Um dia na casa de amigos conheço o Carlos Mauro Fagundes, dono da Muray e irmão do Tigrão da Torke,  conversamos bastante e ele me convidou a correr e ao perguntar com que carro ele apenas disse “usa o Dart”.
Alguns amigos me falavam que eu ia tomar um baita “pau” dos Opalas que já corriam na categoria, que o Dart não se adaptaria e muitas outras coisas.
Minha vontade de estrear era tanta que não ouvi nada disso e dias depois lá estava o Dart na Muray sendo preparado.
Para preparar o carro contei com a valiosa ajuda de meus amigos e de minha namorada de então, quase não tinha grana. Outra coisa muito valiosa foi a experiência do Carlos Mauro.
Carro na oficina, abaixamos a suspensão traseira, a dianteira ainda não sabíamos como, fizemos o Sto. Antonio, escapamento, o motor foi muito bem regulado, filtro de ar retirado. Instalamos um volante e contagiros emprestados por um amigo, e no banco dianteiro inteiriço amarramos no lugar do piloto um cobertor ou manta bem enrolados e presos para que mesmo com o cinto bem apertado não escorregasse.  
Já contei a manobra para conseguir minha carteira de piloto, me inscrevi no clube do Expedito e na sexta feira fui andar pela primeira vez na pista como piloto.
Logo nas primeiras voltas, já com os pneus com as 50 libras, o Carlos Mauro me disse que já andava forte, mas ele queria me dar uns palpites, e foi dar umas voltas no carro comigo pilotando. Hoje isso beira o absurdo mas eram outras épocas.
Andando o Mauro me disse que telegrafava muito - acelerar fundo e tirar o pé acelerando fundo novamente para fazer a traseira escapar, resquícios das tocadas de rua com o SS e esse mesmo Dart - falou para andar mais redondo possível acelerando progressivamente para transmitir a potencia ao solo. Ele certamente foi a pessoa mais importante para que progressivamente eu fosse me acostumando à pista e cada vez andar mais forte.
Não lembro se nesse primeiro treino ou no segundo ter rodado na Junção, vinha muito forte e a traseira escapou. Fiquei lá parado atolado no barro do acostamento que na época passava por reformas, logo vieram tirar o carro e continuei a andar.
Não larguei na Pole, o tempo mais rápido foi do Wanderlei, que já havia corrido outras vezes. 
Ah! Uma coisa quero contar e acabei de me lembrar! Sempre fui muito tranqüilo e aquela ocasião apesar de muitoooooo especial não seria diferente, então quem levou meu carro para o Grid foi meu chefe Carlos Mauro Fagundes!
Na largada tomei a ponta e já fiz a Um em primeiro, e ao contrário do que escreveram nos jornais o Wanderlei me acompanhava bem de perto, a conselho do Mauro pilotava redondo, um olho no contagiros nos lugares necessários outro nos retrovisores e os outros na pista.
Algumas voltas depois meus freios começaram a apresentar sinais de fadiga, já tinha aberto um pouco do Opala e achei que ele ia chegar, mas acho que ele tinha os mesmos problemas que eu e fui abrindo aos poucos.
Os lugares mais assustadores, onde os freios representam muito no tempo de volta, eram a freada da Três, depois aquela freada linda do Sargento, e na Junção onde a curva tinha que ser feita bem redonda para aproveitar a potencia do motor em sua saída para percorrer forte a Reta dos Boxes e chegar forte à Um.
Já descrevi aqui a ultima volta, pilotando na ponta dos dedos, olhos grudados nos relógios, nos retrovisores e na pista. Na Reta dos Boxes as lágrimas já embaciavam ( era assim que o Expedito falava ) minha visão e logo vi meu amigo com a Quadriculada agitada na mão dando um pulo, meu braço esquerdo para fora levantado e as lágrimas, aí escorrendo à vontade.
Depois foram os abraços dos amigos, os beijos da namorada e os parabéns de muita gente, inesquecível!
Não disputei a segunda corrida que reuniu todos os carros pois minha namorada na correria da largada e querendo me ver tomando a Ferradura levou um tombo e cortou embaixo do queixo e enquanto eles corriam nós estávamos em um pronto socorro na Av. Rebouças costurando a ferida.
A todos meus amigos que me ajudaram e muito nesta primeira e muitas outras corridas, a todos meus amigos que fiz nas pistas e todos amigos que vou fazendo nesta caminhada. Cada um sabe muito bem de quem falo e do meu carinho por todos. Alicatões!
Ao Francisco.