A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Histórias do Newton Pereira...

Newton na Formula Super Vê

Houve uma época em que eu procurava informações sobre o ex-piloto Newton Pereira, carioca que começou nos anos 60 de Formula Vê, construtor do Newcar D4, projetado e acompanhado em sua construção pelo ex-piloto, já falecido, José Maria (Giu) Ferreira, que dividia com o Newton a condução do protótipo... foi difícil chegar a ele, mas por sorte, consegui um contato com sua filha, que me passou seu telefone. Hoje ele reside em Angra dos Reis, no mesmo Condomínio em que o Wilsinho Fittipaldi tem casa e onde constrói (ou construía) seus Iates, isso depois de sair do rio, morar em Sampa e até nos Estados Unidos, trabalhando com empreendimentos imobiliários.

Um dia consegui o contato telefônico, marquei um encontro e conversei com o “Cigano”, um de seus apelidos, quando usava um cabelo comprido com uma tira de couro, tipo índio, segurando a cabeleira...uma figuraça...me contou várias histórias e me lembro bem desta do Torneio Maverick, com dois finais de semana em Interlagos e Brasília.




O Torneio Maverick 4cil. que a Ford promoveu em 1975, aconteceu para promover o motor de 2,3 L, que a montadora estava lançando no mercado nacional e substituía o beberrão 6 cil, da época do Aero Willys, no início da crise do Petróleo, praticamente um Torneio Divisão 1, numa época em que esta era quase desconhecida dos brasileiros, que viviam a era de ouro da D3, D4 e das Formulas Super-Vê e Ford. A Ford convidou alguns pilotos da F1, já que naquela época, 80% do Grid era de Chassis com Motores Ford Cosworth, mas apenas Pace e Brambilla confirmaram presença, num grid com pilotos argentinos, paraguaios, uruguaios, peruanos, chilenos e até um piloto equatoriano esteve presente. Claro que os mais fortes eram os argentinos, acostumados ao Turismo e vieram Ricardo Zunino, Luis Di Palma, Carlos Reush e Carlos Garro, etc. Pelo Brasil, que me lembre, além do Pace, Alex Dias Ribeiro, Paulão, Casari, B. Sharp, Edgar M. Filho, e claro, Newton Pereira, entre outros.


Os carros eram sorteados e isso definia o grid também, como o torneio tinha algo esquecido atualmente, mas muito legal, que era o resultado por soma de tempos das baterias, a segunda tinha seu grid definido pela ordem de chagada da primeira.

Largada em Interlagos

A primeira prova aconteceu em Interlagos e nessa prova os argentinos dominaram e apenas o Pace opôs resistência, chegando em 2º na soma dos tempos e o grande destaque foi o argentino Carlos Garro, piloto vindo o Turismo Carretera, a categoria que até hoje, é a mais adorada pelos hermanos, tendo inclusive torcidas organizadas.
No domingo seguinte a prova aconteceria em Brasília e durante a semana os argentinos, só pra variar, riam e gozavam muito os nosso pilotos que os acompanhavam e os ciceroneavam aqui pelas “plagas brasileñas”, dizendo que o brasileiro não sabia pilotar e nem com piloto de F1 daria pra segura-los...Newtão, quieto, ouvia e só remoia a raiva pela falta de gentileza dos argentinos...
No dia da prova, feito o sorteio para os carros e para o grid, o tal Carlos Garro sairia lá no fundo do pelotão, numa das 3 ultimas filas e o Newton, marcando as possibilidades, apenas correu e chegou em 15º lugar, o Pace venceu a bateria, mas o tal Carlos Garro, o mais cheio de marra dos argentinos, saiu lá de trás e chegou em 5º, com um tempo muito próximo do conseguido pelo Pace. Na outra bateria o Pace sairia em último e o tal Garro sairia 5 posições a frente, com o Newtão, muitas a frente do argentino...ele quieto e nos intervalos das baterias ele conversou com o Grecco e com o Camilo Cristófaro, que corria também este torneio, dizendo que nenhum argentino levaria o Torneio e quem o levaria seria o Pace, um grande amigo desde os tempos de Interlagos fechado, quando todo o automobilismo se realizava no antigo autódromo de Jacarepaguá...ele avisou que marcaria o Garro e o Zunino...

Pace e Bob Sharp em Brasília 

Dada a largada, corrida andando e o tal Garro sumindo do Pace e o Newton só de olho no retrovisor... lá pelas tantas, o Garro aparece no retrovisor e o Pace nem sinal...Newtão tentou segurar, fechando as portas, aumentando a largura do Mavecão e nada do Pace aparecer, aí o Garro enfiou o carro pra passar...e na maior cara-de-pau, Newtão dá uma panca no argentino que cai pra último e ele para, porque se deu mal nessa jogada não muito limpa...sai do carro, fica vendo a prova encostado no carro e vê o Pace chegando nos primeiros colocados, assumindo a ponta e pra seu desespero vê o Garro vir babando pra cima de todos, chegando ainda a menos de 3 segundos do Pace em 3º lugar...PACE CAMPEÃO...Newton vai, depois da prova, com um sorriso monalísico nos lábios e procura o Carlos Garro e estende sua mão para pedir desculpas e cumprimentar o Hermano, que não estendeu a mão e declamou todo o dicionário de xingamentos portenho...

Caíque Pereira

Vittório Branbilla bate em Interlagos
Na Ferradura
Paulão empurra Zunino

Quatro Rodas edição de Outubro de 1975, páginas 130/31